MARTA JARDIM
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7/10/2017 0 Comments

Paisagens domésticas


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​"Os objetos são parte indispensável da paisagem doméstica. Livros, objetos de uso quotidiano, colecções de arte, cadeiras, mesas, tapetes, poltronas e sofás, são presenças silenciosas que satisfazendo exigências do habitar, medeiam a relação entre o homem e o espaço. As casa de todos são povoadas por estas presenças..."

                                                                                                   Maria Milano e Roebrto Cremascoli


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Projetar o interior de uma casa é uma das tarefas mais sérias dos nossos dias: a disposição interior da casa, a formação do “habitat” por excelência, onde os homens se desenvolvem e formam a sua mentalidade e de onde partem para iniciar a sua própria vida individual, para pensar e trabalhar. Uma boa casa deve ter um composição de momentos diversificados, conforme a nossas necessidades e oscilações psicológicas. Deve acolher-nos, abraçar-nos e envolver-nos, num espaço contido que Freud reconhecia como qualquer ambiente que nos possa relembrar o útero materno. Mas ao mesmo tempo deve também proporcionar-nos momentos
que nos projetem para o horizonte e nos façam sentir que não temos limites. Estes momentos não são só criados através da arquitetura, como também dos objetos que a compõem. Por exemplo, é interessante compreender de que forma o desejo de proteção e o sentido de conforto que uma criança encontra instintivamente debaixo de uma mesa ou cadeira, que proporciona a ideia de um espaço encerrado e delimitado. Os objetos do nosso quotidiano têm uma extrema influência nas nossas rotinas e na nossa relação com o espaço. São eles os geradores das nossas coreografias diárias.


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“A arquitetura é criada, “inventada de novo”, por cada homem que ande nela, que percorre o espaço, subindo uma escada, ou descansando sobre uma guarda, levantando a cabeça para observar, abrir, fechar uma porta, sentar-se ou levantar-se e criar um contacto íntimo e ao mesmo tempo criar “formas” no espaço, o ritual primogénito do qual nasceu a dança, primeira expressão do que seria a arte dramática. Esse contacto íntimo, ardente, que era percebido pelo homem no começo, é hoje evitado. A rotina e os lugares comuns contribuíram para que o homem evitasse reparar na beleza natural do “mover-se no espaço”, no seu movimento consciente, dos mínimos gestos, da menor atitude”(...)
                                                                                                                                          Lina Bo Bardi



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​A mecanização nos nossos movimentos, fruto do modernismo, tem-nos impedido de desfrutar do prazer de descobrir os espaços e as ações diárias. A facilitismo e imediatismo que a revolução industrial nos veio oferecer, na prontidão das nossas ações veio retirar o tempo e consciência para desfrutar da beleza dos mesmos. O modernismo fez com que o belo desaparecesse das nossas vidas. E é esse imediatismo e a falta de envolvimento humano que acaba por ter grandes repercussões na nossa vida. Como é retratado nos filmes de Jacques Tati, o homem torna-se mecânico, sem emoções ou prazer nos seus gestos, fazendo-se refletir na qualidade psicológica na sociedade. 

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​A sensibilidade à beleza e à arte funciona como uma fuga efémera às agruras da vida. Um verdadeiro apreciador da beleza apega-se aos objetos, e é pela relação emocional que com elas estabelece que chega à felicidade. Para além desta sensibilidade à beleza, o design industrial que serve tanto a um japonês como a um colombiano não me convence. Acho um contrassenso pensar-se numa linguagem comum a todos os povos se cada um tem um contexto sócio-económico-político diferente. Não quero com isto dizer que o design deva manter-se tradicional, mas sim incorporar o entendimento das manuidades e todos os apetrechos que a tradição do respetivo povo tenha para oferecer, como premissas para um design contemporâneo. Só assim as culturas e identidades se manterão.
Os objetos fazem parte da nossa própria existência, do nosso universo, cabe-nos a escolha de um estilo de vida e do que queremos projetar para o futuro.

​Bibliografia:
In MILANO, Maria e CREMASCOLI, Roberto - A Casa de Quem faz as Casas, A procura do Paraíso – Adalberto Dias. Matosinhos: Público, 2017.
FERRAZ, Marcelo Carvalho – Lina Bo Bardi. Brasil: Instituto Lina Bo Bardi e P. M. Bardi, imprensa oficial
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    Marta Jardim

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